quarta-feira, 16 de junho de 2010

Chegando ao fim do estágio

Estou chegando na última semana de estágio. Durante este período muitas foram as reflexões e acredito que também várias foram as mudanças e aprendizagens. Na vida é preciso saber o que desejamos para nós mesmos e para os outros, é preciso saber quais são os valores, as idéias que nos orientam, é preciso ouvir e aprender com os nossos próprios erros, é preciso aprender a aprender e a criar, é preciso pensar.
Talvez devêssemos, então, refletir sobre como vemos o mundo, e também sobre como pensamos, já que é o nosso próprio viver que, neste estágio, está envolvido.
Para tanto, de acordo com Piaget, o pensamento se constrói através da ação. Desta forma, o desenvolvimento infantil se dá a partir das relações que as crianças estabelecem com o mundo. Ele considera que um dos objetivos principais deve ser o ensinar a criança a observar os fatos cuidadosamente, perguntar, interpretar e registrar.
E foram estas concepções que nortearam a minha prática de ensino. Tendo em vista sempre que as vivências e as perguntas estimulam as crianças a elaborarem as suas próprias questões. Pois não se trata aqui de perguntar apenas por perguntar, mas sim de reconstruir e organizar idéias, exercitar a criatividade e a capacidade de argumentação lógica, utilizar o bom senso e chegar a algumas conclusões, mesmo que provisórias.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Diálogo em sala de aula

Gostaria de destacar aqui a importância do diálogo na prática docente. Muitas vezes observo que professores, ainda hoje, associam aprendizagem a alunos quietos, comportados. E que uma aula realmente produtiva é quando todos baixam a cabeça e trabalham, sem barulho ou questionamento. Paulo Freire tem uma fala que expressa muito bem o quanto a fala é importante na construção do conhecimento. Segundo ele, não é no silêncio que os seres humanos se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação e reflexão.
Penso que esta afirmação expressa de forma clara a proposta que venho desenvolvendo em minhas aulas, visto que através do incentivo ao diálogo, do confronto de idéias, da investigação e curiosidade torna-se possível refletir, procurando dar significado ao que pensamos e com isto construir novos conhecimentos e experiências.
Vygotsky, neste sentido afirma que a relação dos indivíduos com o mundo não é direta, mas mediada por sistemas simbólicos, onde a linguagem ocupa papel central, pois além de possibilitar o intrecâmbio entre os indivíduos, através dela o sujeito consegue abstrair e generalizar o pensamento.
Vale acrescentar, que ao estruturar o pensamento, o desenvolvimento lógico matemático se constitui e com isto os alunos apresentam mais facilidade em interpretar, solucionar e resolver problemas matemáticos, fato este que fica evidenciado quando propomos tais atividades e a grande maioria consegue realizá-la, como a turma em que faço estágio.
Então, concluímos que o desenvolvimento da criança é um processo dinâmico, que se dá através da interação. Desenvolvendo a afetividade, sensibilidade, auto-estima, raciocínio, pensamento e linguagem.

A importância do brincar

Refletindo sobre a prática docente, um dos aspectos que acredito ser importante destacar é a importância do brincar. Tenho observado, e não são poucas vezes, muitos colegas usarem como punição ao mau comportamento a retirada do recreio, momento que os alunos possuem para poder extravasar, conversar, pular corda, correr, enfim, brincar. Outra coisa que me chama atenção é a ruptura que ocorre quando os pequenos saem do 1º ano e passam para o 2º. Antes estavam acostumados com uma rotina, rodinha, hora do brinquedo, higiene, atividades. Quando avançam para o ano seguinte me parece que passam a ser adultos. Os momentos da rodinha e do brinquedo acabam, a preocupação dos professores, em sua maioria, é alfabetizar. No 3º ano então nem se fala, muitos colegas nem cogitam a idéia do brinquedo. Isto porque o brincar é encarado por muitos professores como sendo uma tarefa improdutiva, e que os alunos estão na escola para aprender e não para brincar.
Entretanto, não sabem estes professores, o quanto é importante o brincar no dia a dia das crianças, pois ajuda a desenvolver algumas capacidades como coordenação motora, atenção, raciocínio lógico. Também estimula a socialização, a imaginação e a criatividade. É através de suas brincadeiras que as crianças expressam, elaboram papéis, desenvolvem seus sentimentos, assimilam e exploram o mundo. De acordo com Vygotsky, 2003, p.108:
“A brincadeira expressa a forma como a criança reflete, ordena, desorganiza, destrói e reconstrói o mundo a sua maneira. É também um espaço onde a criança pode expressar, de modo simbólico, suas fantasias, seus desejos, medos, sentimentos agressivos e os conhecimentos que vai construindo, a partir das experiências vividas.”

Assim, em minhas aulas, a fim de resgatar a ludicidade e também o relacionamento e respeito entre os alunos, estou propondo a hora do brinquedo, momento este em que também poderei observar como cada um deles aprende, se relaciona, se expressa e levanta hipóteses, porém respeitando sempre o rumo da brincadeira, aceitando o seu caráter aleatório e improdutivo, característico do brincar.